Sem poder se despedir do filho, o enfermeiro Alan, morto 15 dias depois da confirmação da covid-19, Regina Evaristo passou à linha de frente contra a doença. Segundo a AFP, essa mãe em luto tem ajudado no combate ao coronavírus recolhendo máscaras e alimentos para entregar aos profissionais de saúde que atuam em zonas carentes do País.
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“A pessoa some. Depois eles te ligam dizendo: ‘Ele faleceu’. E você não pode ver, não pode fazer velório. É uma dor elevada à potência máxima”, disse a mãe de Alan à agência. Regina, 54 anos, é diretora da organização de caridade ALEA, no Rio de Janeiro. À agência ela ainda afirmou que tinha dois caminhos: ficar somente com a dor e se lamentando, ou colocar em prática o que sempre se conversa na organização: transformar o luto em luta.
Após a morte do filho, Regina Evaristo direcionou as ações da entidade para evitar que outros médicos e enfermeiros que lidam com a falta de equipamento e recursos em regiões fortemente castigadas pelo novo coronavírus tenham o mesmo destino de Alan. A mãe relata para a AFP que muitas pessoas morreram abandonadas.
Alan, que trabalhava na sala de emergência do hospital público Carlos Chagas, no Rio, foi diagnosticado com coronavírus no dia 7 de abril, quando apresentou um quadro de febre. O enfermeiro foi internado com problemas respiratórios três dias depois e entubado três dias mais tarde. Na última vez que falou com a mãe, ele disse que estava bem e que resolveria um problema dela com o carro. Alan deixou a esposa e uma filha de nove anos.
Segundo dados do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), mais de 300 enfermeiros e técnicos de enfermagem morreram de covid-19.